quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O meu percurso escolar


onde fui mais feliz, 11º ano



Até ao 12º ano andei em 8 escolas.

Isso não é  normal!!! Dizem os meus amigos.

No máximo, as pessoas andam em 3 escolas, então andei em tantas escolas porquê?

Quem escolhe as escolas, geralmente são os pais e no meu caso também foi assim, e se mudei tantas vezes de escola foi sempre à procura de melhores condições e de felicidade.

Houve escolas em que fui muito infeliz, e por isso passava longos períodos sem ir à escola, aprendia muito mais em casa, com a minha mãe.

Até se chegou a pensar em eu sair da escola e estudar só em casa(Homescholling, isto faz-se muito nos EUA), mas os meus pais achavam que eu precisava de estar com outras pessoas da minha idade, e embora em andasse sempre em escolas de ouvintes, sempre estive com pessoas surdas mas as suas conversas também não me interessavam.

Passei por momentos muito maus, verdadeiras situações de bulling que nunca contava aos meus pais, para não os preocupar e ficarem tristes, tive professores muito maus, que eles próprios também me discriminavam, diziam que o meu lugar era entre os surdos e que eu prejudicava a turma, e que não avançavam mais por minha causa, e isto era mentira, eu tinha até melhores notas que os outros, e estava mais atenta em algumas disciplinas!

Senti-me muitas vezes completamente excluída, posta de lado!

Havia ainda outros professores que em vez de me ensinarem, me faziam coisas, dando-me notas altíssimas, aí a minha mãe ficava furiosa, porque dizia que os professores eram maus profissionais e assim eu não aprendia.

As escolas em que fui mais feliz foram o Colégio Luso-Francês, embora aí fosse só a pré-primária e por isso era muito pequenina e não tinha noção da minha surdez, achava que quando fosse grande ia falar como os outros, e na escola Augusto Gomes, em Matosinhos, onde fiz amigas verdadeiras que ainda tenho.

Na escola de referência, Alexandre Herculano, onde integrei uma turma de 12º ano só para surdos, em que eu era a única rapariga,  também não gostei.

Das pessoas surdas, fiz amigos, que ainda hoje tenho, mas não gostei da divisão entre surdos e ouvintes, da falta de interesse dos meus colegas pelas disciplinas, da facilidade com que dão as notas, da pouca exigência com as pessoas surdas, da preguiça dos surdos o que depois faz com que os pessoas surdas tenham muito mau português.,

Esta escola foi para mim também uma desilusão, mas como em tudo houve coisas boas e conheci algumas pessoas fantásticas como a professsora de Biologia, a Dra Adelia por quem tenho imenso carinho.

Se eu fosse aqui falar de todo o meu percurso escolar dava um filme e nunca mais acabava, tive situações mesmo muito, muito más, mas de certeza toda a gente passou por situações más e aquilo que não nos mata, torna-nos mais fortes!
Mas também tive professores fantásticos que se interessaram por mim e se esforçaram ao máximo.
Lembro aqui alguns dos bons professores que passaram na minha vida,
a professora Helena de piano, a prof Cuca de ballet , as profs. Maria João e Margarida de ballet, a prof Mónica Pacheco do ensino especial, a prof Luísa da pré-primária, o prof Diamantino de dança, a prof. Emília Fradinho de inglês, a prof. Cristina Guimarães de matemática, e a prof Paula Quelhas de matemática.

kissss

Sofy*